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Friday, August 29, 2003

Quem traça o limite entre a emoção real e o sentimentalismo?

Haverá qualquer forma de escaparmos a essa ultima ideia, quando estamos completamente lançados contra as cordas e a percepção do mundo sensível mais parece uma saraivada de directos e uppercuts do Tyson?
Eu cá tenho uma opinião mista. Penso que assim como é possível ler um livro incrivelmente difícil e gostar-se, resistindo-se á tentação de o fechar para sempre, , ou sentir o prazer imenso da presença do corpo após uma sessão de exercício físico intenso, conseguindo não desistir quando o ácido láctico já só manda mensagens da República das dores continuadas, também será possível receber a inspiração de algo avassalador e conter a tendência que há para fazer tudo o que há de errado e trapalhão, ainda que em nome da emoção certa.

A produção de criatividade na expressão do amor dito irrestrito é talvez das tarefas mais complicadas que existem. Mas é mais um passo, uma etapa e uma permanência num estado de desorientação docemente dolorosa, que se traduz num estágio de vida no qual até os mais cínicos esbarram, ainda que só por um instante. Nesse segundo, até a mais empedernida desconfiança genérica acaba por conhecer um instante de dúvida inconfessável. E curiosamente são aqueles que, na minha parca experiencia, mais aparentam vulnerabilidade peerante o sentimentalismo, rendendo-se naquele segundo á deselegância de que são feitas as verdadeiras emoções.
Sentir é como respirar, como a própria cadência sexual. É na alternatividade que sobrevive tudo. Nos picos e vales. Na rendição atabalhoada e no rescaldo criativo e com sorte, elegante e inspirador.

Não sei o que me deu hoje....


Abraços!



Pode ser uma questão de mau feitio, mas detesto diminuitivos quando não aplicados a crianças. E mesmo assim...
Sinceramente, são raros aqueles que assentam, e na grande generalidade soam-me a uma afectação pretensamente carinhosa, mas que normalmente parece uma qualquer espécie de crachá identificativo que é suposto indicar qualquer recorte de personalidade que se pega á pessoa como uma doença congénita.
Está dividido em duas espécies bem identificadas, sendo que uma consegue ser bem pior que a outra. Por ordem crescente de detestabilidade, aqui ficam:

Os "inhos" - Joãzinho, Soninha, Jaquinzinho ( só com um bom arroz de feijão), Nuninho, Dadinha... iurgh.....

Ou pior ainda

Os "itos" - Belita, Paulita, Susanita, ... ahhh!!!!

Existem ainda os "ecos", mas sinceramente não me recordo de qualquer nome próprio aplicável, embora alguns substantivos - politicozeco ( uma numerosa praga impossível de exterminar), badameco ( não é diminuitivo, mas também se aplicam aos anteriores), comentadorzeco ( aqueles que ainda acham que há ADM no Iraque), amoreco ( aquilo que se chama á cara metade meio dia antes de acabar a relação amorosa).

Tirando uma ou outra excepção, soam mal e transmitem erradamente uma ideia de calor ou proximidade. No fundo, acho que ate significam exactamente o que são, ou seja, forma de diminuir alguma coisa.

Um idiotazinho é bem pior que um idiota. Um cretininho é mais grave que um cretino. E quem é que quer ser apelidado de bonzinho? Chiça, e há lá maior condescendência existente num termo que aquele que reputa alguém de "queridinho"? Livra!

No entanto há excepções. A rapariga que faz engolir em seco pode muito bem ser um bombonzinho, á maneira do piropo educado de outros tempos, assim como entre amigos só se bebe um bom "whiskynho", ainda que seja meia garrafa do mesmo. E contra mim falo, porque sou um ocasional pecador, uma vez que volta e meia a lingua lá me foge para o terrível diminuitivo . "Deixa-me cá ler o meu livrinho em paz" ou " não gosto muito dessa roupa amorzinho".

Mas para mim não há dúvidas. Os diminuitivos são um flagelo, e em consciência, mais vale restringí-lo o mais possível, mesmo no que diz às crianças. Porque se o nosso filho se chama Francisco ou Catarina, o resultado é tão catastrófico que nem me atrevo a proferi-lo.

Abraços!






Alguém tenha a caridade de oferecer duas coisas a Luis Delgado

Uma camisola cor de laranja com a bandeira americana bordada no peito. Desconfio que ele terá umas vinte, mas uma a mais não fará mal algum.

Um bom dicionário que contenha a definição para algumas coisas como: imparcialidade, rigor ( ambos jornalisticos)

Façam a vossa boa acção do dia.

Abraços


Thursday, August 28, 2003

Até Arrepia...

É caso para dizer que a este moço passou-lhe alguma coisa pela cabeça...
Arrepiante.

Abraços


Detesto repetir-me, mas são demasiadas as alturas em que tal me acontece.
Perante a palhaçada descontrolada que está a situação no Iraque, as armas de destruição que não aparecem ( caraças, aquilo tem muita areia e os tipos andam com dificuldades em encontrar o que era evidente...), e a inevitabilidade da partilha do controlo da soberania para uma posterior devolução ao Iraque, (coisa que obviamente não estava nos planos dos EUA), eu pergunto-me.

Onde andam os inflamados comentadores e opinadores que mantinham ferreamente a convicção da existência das armas? Os que, como o primeiro ministro, defenderam a intervenção com o fundamento da existencia das ditas armas? Os que mentiram com quantos dentes tinham e classificaram as posições pacifistas, legalistas e moderadas de irrealismo e ingenuidade?
Onde andam essas sumidades?
Calados que nem ratos. Pois é... São as férias... Ou então é outra coisa, que Pacheco Pereira uma vez classificou de desonestidade intelectual (sic). Mas parece que aqueles que acusavam com tal argumento, padecem deles de uma forma que roça o vergonhoso.
Ao menos o Primeiro Ministro poderia dizer á nação que se enganara, que mentira ao país acerca da situação. Retiraria um pouco da montanha de desonestidade que cresceu ás suas costas.

Vá lá... ainda estamos á espera. Um acto de contricção só faz bem ao sangue, e o orgulho estupido é um pecado mortal. E o católico não sou eu...


Abraços



Quando leio um jornal e leio relatos de casos de escravatura em Portugal, ou seja lá onde for, instala-se a pele de galinha juntamente com uma azia dificilmente debelável.
É uma realidade, mas na essência das coisas, é impressionante que alguém que se auto-intitula um ser humano consiga viver com a sua consciência quando o faz através da exploração mais indigna e repugnante de um semelhante.
Desculpem o tom ingénuo, mas a verdade é que as noções mais básicas de justiça são completamente denegridas com situações destas, que de forma mais ou menos institucionalizada ( vejam o que fazem ás pessoas na China industrial, e aquilo de que é feito o crescimento económico do gigante) acontecem por toda a parte.
Um país Europeu, civilizado, com mais de cem casos registados, (fora os outros), de escravatura.
Estou envergonhado.

Abraços


Congelamento de admissões na função pública provoca aumento de custos.

A notícia, publicada no Público de hoje, parece uma contradição em termos, mas não é. A verdade é que a medida, tomada como foi, sem qualquer forma de planeamento ou gestão dos serviços e do pessoal correspondente, levou, como já há muito se sabia, a situações que obrigaram a um dispêndio superior de verbas, quando a intenção era precisamente a contenção. O outsorcing, através das empresas de trabalho temporário e outras afins, representa uma fatia considerável dos custos.
Agora pergunto-me. Para quando o descongelamento, ou pelo menos, uma estratégia lógica e racional para que o equilíbrio se obtenha, ou seja, qualidade dos serviços, custos controlados e boa gestão dos recursos humanos, de acordo com a lei e os direitos fundamentais nela incluidos?

Vamos lá ver se a "medida estúpida" (sic) ainda terá mais consequências.

Abraços


Wednesday, August 27, 2003

"ABORIGINIES, n. Persons of little worth found cumbering the soil of a
newly discovered country. They soon cease to cumber; they fertilize."


THE DEVIL'S DICTIONARY by AMBROSE BIERCE

pois é...

O ilustre bloguista Pedro Mexia foi buscar a designação da sua "casa" a esta obra, assim como eu fui ao título de um livro que simplesmente adoro. No fundo, os processos são recorrentes. Só gostava de ter a cultura que ele tem, e o tempo que tem para a cultivar. Mas como dizia um amigo meu, a criatividade é a capacidade de compor e transformar o produto de pequenos roubos. Não só concordo como pratico.

Ambrose Gwinnett Bierce (Junho 24, 1842 - 1913 or 1914) foi escritor de contos, histórias sobrenaturais e um jornalista/cronista conhecido como "Bitter Bierce".

Nascido no Ohio, Bierce combateu na Guerra Civil Americana, chegando á patente de Major, mudando-se para São Francisco em 1867, trabaçlhndo durante muitos anos como cronista no San Francisco Examiner.

As suas histórias curtas e contos são considerados como dos melhores do seu tempo, de onde se destacam "An Occurrence at Owl Creek Bridge" e "Chickamauga".

Bierce era reconhecido como um mestre do "puro" inglês pelos seus contemporâneos. Um dos seus mais famosos trabalhos é "The Devil's Dictionary", originariamente criado como uma crónica em série num jornal, onde se reinterpretavam palavras da lingua inglesa de forma a que o discurso político ambivalente fosse impecalmente satirizado. (O amigo JP Coutinho fez a mesma coisa na crónica que escrevia para a MAX MEN, dando um ar de originalidade que afinal não tinha, mas enfim...)

Em 1913, no ano prévio á sua morte, o já septuagenário Bierce viajou para o México de com o intuito de se juntar ao exército de Pacho Villa, tendo desaparecido em 1914, deixando um denso mistério em torno daquele que teria sido o seu destino final.

Apesar de todos estes encómios, com os quais concordo porque li o Dicionário do Diabo e gostei, não sei o que pensar da tirada transcrita logo no início deste post. Sátira ou não, incomoda-me...
Bem, mas já o Ezra Pound era um fascizoide de primeira, assim como o H.P. Lovecraft não fazia por esconder a sua xenofobia.
É a velha história da avaliação da obra pelo seu criador.
A maior parte das vezes consigo distanciar-me. Algumas vezes não.
Acho esta entrada transcrita acima de um profundo mau gosto, mascarado de sátira pretensamente superior. Ao contrário da esmagadora maioria das entradas do Devil's Dictionary.

Abraços







O REGRESSO

É sempre uma chachada. Ao contrário do que sugeria o nosso amigo Pacheco Pereira, eu gosto de férias, e não possuo qualquer senso de vergonha ou conciência pesada por simplesmente fazer o que quero do meu tempo, e mais, aproveitar coisas simples, prazeres do dolce fare niente.
Mas em três semanas, li dois livros. Ou melhor, reli os dois volumes da saga do Tolkien, que são realmente uma obra de arte monumental. Também ao contrário do que dizia o referido comentador, não é preciso desligar a cabeça quando se vai de férias, somente dar-lhe descanso.
E não se trata de silly season. Penso que os silly são aqueles que a partir de uma certa altura parecem sentir-se imbuidos que uma qualquer missão quase obstinada que os impede de se descontrairem. Lá que não queiram aproveitar a vida e gozar a veia hodonística, o problema é deles.

Mas adiante.
De volta. Com os disparates, opiniões, visões e delírios do costume.
Louve-se a paciência de quem os interioriza.

Abraços a todos



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